Introdução

08-12-2010 11:21


"Mais é preciso estudar os homem do que os livros. " - (La Rochefoucauld)

Por várias vezes, corações amigos nos solicitaram que escrevêssemos um livro sobre as fábulas do ilustre Jean de La Fontaine, procurando adaptá-las à Doutrina Espírita e associá-las ao comportamento humano, já que nutríamos por esse autor fortes ligações ideológicas e carregávamos no coração laços de amizade que os séculos não conseguiram destruir.

Ainda argumentaram que poderíamos tecer breves comentários sobre esses contos interessantíssimos, que colocam em cena animais de habitats diversos dialogando uns com os outros e manifestando, muitas vezes, comportamentos peculiares e curiosos, semelhantes aos dos seres humanos.

Páginas que facilitassem à alma humana não apenas compreender, de forma intelectual, mas também assimilar profundamente o aprendizado da transformação interior ou da renovação das atitudes. Algo claro, objetivo e sintético que reunisse valores universais e preceitos éticos que pudessem nos orientar a caminhada em direção à paz íntima ...

Assim nasceu este trabalho ...

Entretanto, gostaríamos de acrescentar que não nos encontramos no pleno alcance de efetuar a obra solicitada, pois ela requer habilidade e competência técnica e apurado conhecimento das influências mútuas entre as criaturas de diversos campos socioculturais, do conjunto de ações e reações instintivas e inatas dos indivíduos e das realimentações energéticas entre todos os seres humanos.

Assim, oferecemos este despretensioso livro, tecido com nossas modestas possibilidades, à análise dos leitores amigos, com o objetivo primordial, sem nenhuma presunção de nossa parte, de auxiliá-los na conquista da ampliação da consciência.

Ele se destina a todos aqueles que sentem vontade de crescer e que, sabedores da dificuldade em conseguir isso sozinhos, buscam espaços interativos para o entendimento da ciência do comportamento humano. Auxilia, igualmente, a todos os que são "garimpeiros da vida", os que fazem uma extração e seleção de "pedras preciosas" a partir da coleta da própria vivência do cotidiano e dos potenciais inatos existentes na intimidade.

Allan Kardec perguntou à Espiritualidade Superior: "Qual é o meio prático e mais eficaz para se melhorar nesta vida, e resistir ao arrastamento do mal?"

Os Benfeitores Espirituais responderam: "- Um sábio da Antigüidade vos disse: Conhece-te a ti mesmo"!.

O auto conhecimento é, portanto, a chave do progresso individual.

Através dele podemos verificar a diferença entre um comportamento instintivo ou inato (aquele que é determinado apenas pela força dos instintos) e um comportamento social ou aprendido (aquele que é interativo entre dois ou mais indivíduos de uma mesma coletividade).

Conhecer-se requer um estudo não somente do próprio comportamento, mas igualmente do comportamento humano como um todo, bem como o que o sustenta, o que o determina e o que o finaliza.

Estas anotações singelas representam um esforço literário adaptado quanto possível ao campo de um entendimento simples e lúcido. A partir de uma coletânea de fábulas, que sempre ilustram um preceito moral, fizemos ponte em direção da Doutrina Espírita, mensageira que é de uma visão ampla e integral do ser.

Sob a designação de "La Fontaine e o comportamento humano", estas páginas, dirigidas aos nossos companheiros de jornada evolutiva, buscam ainda relembrar que as ações e condutas exteriores são geradas inicialmente na vida íntima, onde os pensamentos criam a saúde ou a enfermidade, o que, aliás, é perfeitamente demonstrado pelos princípios da interdependência, repercussão ou reverberação.

Todo fenômeno psíquico pode ser explicado por reflexos/experiências e combinações destes. Os reflexos/experiências demarcam as emoções. As emoções criam as idéias. As idéias geram os comportamentos e as palavras que comandam os atos e as atitudes.

Somos no presente, por conseqüência, herdeiros diretos do acúmulo de nossas experiências, com possibilidades de alterar-lhes, no futuro, a qualidade, a amplitude e a direção, com vistas a atingir a felicidade plena.

Hammed