Parábola do rico e Lázaro

30-11-2010 07:53

 

"Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho finíssimo, e se banqueteava magnificamente todos os dias. Havia também um pobre mendigo chamado Lázaro, que jazia coberto de úlceras à porta do rico, e que bem quisera saciar-se com as migalhas que caíam da mesa deste, mas ninguém lhas dava; e os cães vinham lamber-lhe as chagas. Ora, aconteceu que o mendigo morreu e foi transportado pelos anjos ao seio de Abraão. O rico morreu também e teve o inferno por sepultura. Quando este, dentre os seus tormentos, levantou os olhos e ao longe viu Lázaro no seio de Abraão, disse em gritos estas palavras: Pai Abraão tem piedade de mim e manda-me Lázaro para que, molhando n'água a ponta do dedo, me refresque a língua, pois sofro tormentos nestas chamas. Abraão, porém, lhe respondeu: Filho lembra-te de que recebeste bens em tua vida e de que Lázaro só teve males; por isso ele agora é consolado e tu és atormentado. Demais, grande abismo existe entre nós e vós de modo que, os que querem passar daqui para vós não o podem, nem os de lá passar para nós. Replicou o rico: - Pai Abraão, eu te suplico então, que o mandes à casa de meu pai, onde tenho cinco irmãos, para lhes dar testemunho destas coisas, a fim de que eles não venham a cair neste lugar de tormentos. Abraão lhe retrucou: Eles têm Moisés e os profetas; que os escutem. Não, Pai Abraão, insistiu o rico, se algum dos mortos lhes for falar, eles farão penitência. Se não escutam nem a Moisés nem aos profetas, retorquiu Abraão, não acreditariam do mesmo modo, ainda que algum dos mortos ressuscitasse”. (Lucas, 16 :13-31).
Alguns entre vós por ignorância ou insídia estão distorcendo o Ensinamento Crístico e arguam através desta parábola a comunicação com o Plano Astral, o intercambio entre os “vivos” e “mortos”. Mas é mais uma inverdade que devemos fazer recuar para que sobressaia a luz do real sentido. Esta parábola narra o destino de dois Espíritos após uma experiência terrena, em que um escolhera a prova da riqueza, e outro a da pobreza. O primeiro, como em geral acontece a quase todos os ricos, esquecido das leis de amor e fraternidade que devem presidir às relações dos homens entre si empregou seus bens exclusivamente na ostentação, no luxo, no egoísmo, demonstrando-se insensível e indiferente à miséria e aos sofrimentos do próximo; o segundo faminto e doente, relegado ao mais completo abandono, suportou humildemente, sem revolta, as dores e privações que lhe martirizaram a existência. Ambos fazem a passagem para o outro lado da vida, onde a situação será alterada completamente. O rico, porque vivera egoisticamente e fora desumano, deixando que um pobre enfermo passasse fome à porta de seu palácio, enquanto o outro se regalava com pomposos jantares regados a vinhos e licores, começou a ser torturado por um profundo sentimento de culpa, enquanto Lázaro, por haver sofrido com paciência e resignação as agruras da vida desgraçada que levara, gozava, agora, inexprimível ventura em altivo plano da espiritualidade. Nesta conjuntura, o rico implora que seja permitido a Lázaro ir amenizar-lhe a sede que o tortura. Sede não de água material, mas, sede de consolação, sede de misericórdia. É lhe esclarecido, o porquê de seu atual padecer e o da felicidade de Lázaro. Situação essa impossível de ser modificada de pronto, em virtude do "precipício" existente entre ambos. Como facilmente se percebe, também aqui não se trata de abismo físico, mas sim moral. Havendo triunfado em sua provação, Lázaro alcançara um estado de paz interior que o mau rico não poderia experimentar, e este, em razão de seu fracasso, sentia-se angustiado e abrasado de remorsos, coisas que o outro, logicamente, não poderia sentir, pois os estados de consciência são pessoais e impermutáveis. Lembra-se o rico, então, de pedir fosse o espírito de Lázaro enviado à presença de seus irmãos para avisá-los do que lhe sucedera, a fim de se corrigirem a tempo e evitarem iguais padecimentos, após morte. A negativa de Abraão, ao dizer: "Eles têm lá Moisés e os profetas; que os escutem", foi muito lógica, pois ninguém precisa de orientação particular para nortear sua conduta, quando já tenha conhecimento dos códigos morais vigentes. O mal rico insiste, porém, no pedido em favor de seus irmãos, argumentando que, ante a manifestação de um morto, eles haveriam de punir-se do personalismo e egoísmo que também os caracterizava. Retruca Abraão, fazendo-o sentir a inutilidade dessa providência, pois se eles não praticavam os preceitos de solidariedade humana ensinados por Moisés e pelos profetas, cuja autoridade era reconhecida por todo o povo judeu, muito menos haveriam de ouvir e atender ao que lhes fosse dito pelo espírito de Lázaro.
Portanto o sentido desta parábola é singular, é preciso fazer enquanto estais na fisicalidade, tens todos os preceitos misericordiosos e morais deixados por Jesus se não os seguem, por que seguiriam o que repassamos através de um canal se duvidam da sua idoneidade? Tampouco é o nosso objetivo, viemos ressaltar os Ensinamentos Crísticos tão bem exemplificado pelo Mestre Maior da Terra, Jesus!

SOMA (Linyth)